O sistema financeiro internacional a que estamos submetidos e veneramos faz do dinheiro um “deus”. É o sangue essencial e vital para a economia globalizada.
O dinheiro é um deus onipresente em nossas vidas comercial e pessoal. Dele somos totalmente dependentes. Não é uma tese, mas sim uma evidência, uma verdade válida para mim, para você, para a GM e para qualquer empresa ou instituição existente na face da terra.
No caso da gigante e poderosa General Motors, suas ações estavam valorizadas no mercado de capitais até a apresentação do balanço do primeiro trimestre de 2008, fazendo valer sua grandiosidade global. Contudo, com o agravamento da crise financeira mundial, restrição do crédito de investidores e queda do consumo, a grandiosidade da GM simplesmente deixou de existir evidenciando o desastre financeiro em que está mergulhada, pois, faltou-lhe “deus”, o dinheiro.
Ainda sobre a GM, em cem anos de existência ela se tornou uma gigante no mercado da indústria automobilística mundial. Utilizou fervorosamente do sistema financeiro internacional arrebanhando bilhões de dólares para seus negócios através do mercado de capitais, atestando a crônica dependência do dinheiro vindo do sistema, tal qual o resto da humanidade. E este sistema impele a quem dele está escravo ou súdito fiel a ser uma ilusão.
Certo e indubitável é que se tinha a ilusão de que a GM era um ícone mundial do sucesso empresarial, mas, o que o atual processo de concordata evidenciou é que a dívida da GM é mil vezes o dobro de seu patrimônio, ou seja, seus bens somam 82 milhões de dólares e suas dívidas acumulam 172 bilhões de dólares, isto mesmo, possui milhões e deve bilhões. Onde está o sucesso empresarial?
Dessa arte, certo e indubitável também é que no mesmo abismo financeiro negativo, com certeza, estão todos, gigantes ou não, porque o sistema financeiro utilizado e a administração político-financeira instituída e aplicada são os mesmos.
É o sistema financeiro existente, globalizado, onde dinheiro é o ente máximo cobiçado e dever ao sistema ou investir para que devam, é o princípio da dependência.
Outra certeza, porém uma discriminação político-financeira, é que o próprio sistema que fez a pequena GM agigantar-se, ou seja, endividar-se em bilhões de dólares, fará com que o seu ciclo financeiro negativo desapareça em entrelinhas contábeis.
O governo americano, entenda-se, nação americana, através do seu tesouro nacional, dinheiro, pagará a conta em nome da mantença da estabilidade do mundo financeiro.
A grande mãe que é a nação americana absorverá a dívida da GM criando uma “Nova GM” e uma “velha GM”. E esta última será liquidada. Para que todos entendam, o governo americano autorizará a criação de uma nova gigante GM que ficará com o parque produtivo, sem dívidas, com dinheiro em caixa cuja origem virá do tesouro americano e das ações já à venda no mercado de capitais. Esta estratégia legalizada faz com que o balanço financeiro da “nova GM” seja ilusoriamente positivo. É o deus dinheiro impondo de forma resolutiva e absoluta o problema financeiro da gigante e, por conseguinte, de tantos outros indiretamente. Mas esta estratégia é para gigantes, dívidas gigantes. Eis a discriminação.
Lembremo-nos que este deus resolveu problemas da gigante AIG, com 17 trilhões de dólares em prejuízos, tudo para ela continuar a operar grandiosamente no mercado. Lembremo-nos também do maior banco dos EUA, o denominado Bank of Americam que recebeu mais de 45 bilhões de dólares do governo americano em seus cofres para não falir e num passe de mágica, no encerramento do exercício de 2008 publicou balanço com lucro mais que triplicado.
Isto quer dizer que GM, AIG e outras mais que virão, além de bancos, como por exemplo o maior banco dos Estados Unidos, o Bank of Americam, todos receberam e receberão empréstimos do governo americano e, portanto, para a nação americana é que estarão devendo. Dívida esta a ser rolada por mais um século.
É a magistral arte do sistema financeiro internacional em camuflar dívidas, transformado-as em empréstimos. E essa dívida não vencida chamada de empréstimo que liquida as perdas acumuladas até então existentes e, por conseguinte, os futuros balanços serão positivos.
Quem não gostaria de ter uma mãe generosa e abastada para pagar as dívidas contraídas em um século e ainda emprestar algum para começar tudo de novo?
E dessa forma tem sido feito, se faz e ainda fará onde for grandiosamente necessário, seja nos EUA, no Brasil, na Europa, China e etc...
É o dinheiro resolvendo o problema de falta de dinheiro. É a divindade monetária que faz a demoníaca dívida contraída ir para as entrelinhas do balanço do exercício até que a “bolha” estoure novamente. Mas até que isto aconteça de novo serão outros gestores, outro governo e outro presidente e, principalmente, outros acionistas. É a macro economia dando péssimos exemplos ou engenhosas soluções.
Enfim, é dinheiro que resolve o problema. É um “deus” ou o “demônio” que nos escraviza a um sistema que fabrica gigantescas ilusões financeiras?