A realidade financeira que aflora em nosso mundo atual autoriza dizer que o dinheiro é adorado como um “deus” pela humanidade. E dessa adoração ela se fez escrava. A divindade desse papel está tão evidente que o mundo em que vivemos está de joelhos diante dele e por ele orando por soluções diante do presente caos financeiro que se instalou entre seus adoradores, quais sejam, todos nós.
Até a famosa e popular frase “dinheiro não compra felicidade”, há muito, já está atualizada ironicamente com um complemento “manda buscar”. Não vamos esquecer também da máxima “dinheiro não é problema é solução”. E tantas outras frases, provérbios e ditados existentes, que no íntimo de suas interpretações está a idolatria, a veneração e o culto ao dinheiro como um “deus”, porque sem ele nada podemos, não vivemos.
Essa idolatria ao dinheiro e a doutrina imposta pelo sistema financeiro criado e aplicado pelos homens e para os homens é tão fervorosa que coloca como solução única de todos os problemas o próprio “deus” monetário, fazendo valer a crença de que dele somos totalmente dependentes.
Até a mais sábia das instituições criadas pelo homem, a família, já está de joelhos diante dessa divindade monetária, pois, é certo, que sem ele, não há família que se mantenha física, social e moralmente no sistema.
Tudo é conseqüência da escravidão imposta pelo sistema atual. É esta dependência financeira crônica do “dinheiro” que nos obriga a destiná-lo à divindade, e, portanto, valores como respeito conjugal e filial, o sentimento de amor, de felicidade, deixaram de ser colunas de sustentação da família. Nesse raciocínio, não havendo esse “deus” no seio familiar, surgem os inúmeros conflitos entres cônjuges, pais e filhos, familiares, conflitos que, há muito, estão presentes em nossos lares.
O mesmo ocorre para com as empresas comerciais e industriais. Elas são frutos do sistema e dele mais que dependentes, eis que sem a divindade em seus negócios não persistem na sua existência e, não havendo progresso econômico-produtivo-financeiro dessas, lucro, por conseguinte, demitem, quebram, demonstram a fragilidade de suas existências.
É a razão de vida do dependente financeiro, tal qual o dependente químico para com as drogas. E usando do mesmo raciocínio, não havendo recursos financeiros, razão de vida para as empresas, surgem os conflitos entre patrões e empregados, greves e demissões, caos comercial entre credores e devedores, fornecedores e consumidores, governos e demais negócios onde o capital esteja presente.
De tudo isto, dinheiro é adorado como um “deus”, e, por analogia, as instituições financeiras são as igrejas da divindade monetária, onde se pode procurar pelo “deus” dinheiro e encontrá-lo através de preces denominadas de empréstimos, as quais, atendidas ou não, fazem dessas instituições seres intocáveis do sistema criado pelos homens.
Todo mundo precisa de dinheiro seja ele dólar, euro, libra, marco, real ou até o peso argentino, tudo é dinheiro, convertido ou não, é dinheiro. É um “deus”. A sua inexistência aniquila a vida dos homens, desde o nascedouro até os mais enfermos terminais dos seres humanos.
O dinheiro é onipresente no atual modo de vida dos homens e sem ele, deixará ela de existir sobre a face da terra? Estamos tendo amostras de que apenas a escassez de dinheiro já causa graves e sem precedentes prejuízos sociais e vitais ao mundo em que vivemos.
Sem o deus “dinheiro” a humanidade não prospera. A vida dos homens está atrelada, íntima e dependentemente ligada ao sistema financeiro internacional, criado para atender única e exclusivamente ao interesse do próprio “deus”, centro da convergência das necessidades monetárias do globo terrestre onde habitam simples e frágeis seres humanos. O mundo injeta fortunas em sua economia global porque acredita que só “deus” é capaz de salvar o sistema financeiro que rege a vida dos homens e a roda da dependência da humanidade a ele continuar.
Assim, cabe à humanidade, formada por todos nós, discernir se o dinheiro é o “deus” que salva nossas vidas, ou, um “demônio” que nos destruirá.